Histórias de Moradores do Campo Limpo

Esta página em parceria com o Museu da Pessoa é dedicada a compartilhar histórias e depoimentos dos Moradores da Cidade e Caçapava.

História do Morador: Josué de Sousa Lopes Cara
Local: São Paulo
Publicado em: 07/10/2014

História: Aprendendo no Projeto Arrastão


Sinopse:

Josué é um rapaz simpático que conheceu sua namorada no projeto Arrastão, no bairro do Campo Limpo em São Paulo. Em seu depoimento, Josué fala sobre sua infância vivida entre as cidades de Embu-Guaçu, Taboão da Serra na região metropolitana de São Paulo e na capital paulista.

As brincadeiras da infância e os passeios no shopping são lembrados por ele ao narrar sua história. Lembra como começou a fazer cursos no projeto Arrastão aos 13 anos, iniciando com o curso de Gastronomia. Relembra o curso de audiovisual que fez no projeto e no Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias. Fala sobre a próxima etapa de vida quando irá trabalhar no projeto Maré Alta, do próprio projeto Arrastão. Por fim, ressalta a importância do Criança Esperança no patrocínio de programas do Projeto Arrastão.


História

O meu nome é Josué de Sousa Lopes Cara. Nasci em Diadema, no dia 5 de agosto de 1993. O nome do meu pai é Júlio César Cara. O nome da minha mãe é Valdecir Dias Lopes Cara. Tenho um irmão que se chama Tiago de Sousa Lopes Cara. Minha mãe é dona de casa e o meu pai trabalha com perua escolar. Morei seis anos aqui em São Paulo.

Eu nunca fiz pré, eu já entrei direto na escola. Depois desses seis anos o meu irmão nasceu eu fui morar lá no Embu. Vivi lá aproximadamente 12 anos, que foi quando eu entrei na escola. Eu saí de lá eu estava no segundo colegial já, no segundo ano. Saí na metade do segundo ano, mudei pro Clementino, terminei o segundo ano e vim morar pra cá de novo. Do Embu vim pro Taboão, do Taboão voltei pra São Paulo. Lá no Embu a casa lá era de dois cômodos, tinha um salão embaixo. O metro quadrado era grande, em si a casa era pequena, tinha dois cômodos só. Na escola eu ia sempre andando. Quando saía da escola eram cinco minutos eu tava em casa. Descia que descia, só via só fumaça atrás. Pra subir era aproximadamente 15 minutos. No começo a minha mãe me levava e me buscava, mas depois da terceira série, se não me engano, ela já parou de ir porque eu ia com um menino que era mais velho. Eu sempre ia e vinha com ele.

Sou muito caseiro. O máximo que eu saía, digamos, eu estudava à tarde, eu saía de casa oito horas da manhã pra ir pro campo jogar bola. Umas dez horas mais ou menos eu já estava em casa. Essa era a minha rotina. Se não era isso eu estava na rua jogando bolinha de gude. Como era um canto muito tranquilo, lá no Embu, então eu ficava na rua jogando bolinha de gude com os meninos, jogando bola, sempre foi essa rotina.

Do lado de casa tinha um espaço, a gente capinava, montava uma travezinha, até ir alguém e destruir. Depois a gente ia lá, colocava de novo as traves, arrumava pra gente poder ficar brincando de bola. Sempre foi isso, bola, bolinha de gude, foram raras vezes que eu brinquei de pião lá. Eu sempre vinha pra casa da minha avó. Agora nesses três, quatro anos agora que eu estou começando a sair, que eu vou pra festa de uns amigos, shopping de vez em quando. Hoje normalmente eu vou pra casa da minha namorada. Às vezes a gente saí, como ela trabalha de segunda a sábado, então normalmente a gente sai de sábado à noite, vai pro shopping ou vai pra casa dela, assiste filme, come pipoca. Às vezes a gente vai pra aniversário de algum amigo nosso, quando tem. Vai fazer quatro anos que estamos namorando. Foi lá no Projeto Arrastão. Foi no finalzinho de 2010 que abriram um curso de comunicação no Arrastão de tarde, ela entrou. Eu sempre olhei, e a vi.

Alguma coisa me atraiu nela, eu sempre ficava olhando e nunca cheguei perto. Sempre tinha no Arrastão a dinâmica, uma roda com jovens, ou era alongamento. Cada dia na semana era um que dava, era meia hora de aula. Tinha uma que dava alongamento, outra dava dança, outra dava outros tipos de dinâmica de empresa. Sempre alguma coisa nesse sentido. Foi em 2011 no comecinho do ano. Tava eu e um amigo nosso, que ele estava compondo uma música, estava sentado, ele a conhecia. Ela chegou, cumprimentou-me, tal. Eu sempre brincando. Eu nunca cheguei e sentei pra conversar com ela, eu sempre brincando. Sempre passava por ela, piscava, sempre brincando, tudo sempre levando na brincadeira. Quatro de fevereiro que foi o carnaval, que no Arrastão comemora ou antes ou depois, foi dia 4 de fevereiro a primeira vez que eu fiquei com ela e estou com ela até hoje. Ela se chama Michele.

Meu começo no Arrastão foi o seguinte: tenho duas primas que sempre foram do Arrastão. Sempre assim, elas entraram foi com 11, 12 anos aproximadamente. Elas fizeram parte do Arrasta-Lata. Meu avô e minha avó por parte de mãe sempre trabalharam no Arrastão, meu avô pintava o Arrastão, minha avó fazia tricô, fez parte lá do Cardume de Mães, se não me engano, que faz tricô, essas coisas. Elas entraram, eu nem conhecia, eu fui uma vez num evento lá, tinha 13 anos aproximadamente, que teve um evento lá no sábado, eu fui, pra mim não gostei da primeira vez que eu vi. Foi 2009 que eu estava mudando pra cá pro Taboão que a minha avó: “Está abrindo curso, vagas de curso lá no Arrastão”.

Tanto é que a minha mãe e a minha avó acharam que eu ia escolher qualquer um dos cursos que era Meio Ambiente, Gastronomia, Artes. Esses três cursos. Elas acharam que eu ia escolher ou Meio Ambiente ou Artes, menos Gastronomia, que foi o que eu acabei escolhendo. Eu entrei 2009 em agosto, na metade do ano. Esse curso é duração de seis meses. Foi muito bom. Eu sou muito quieto, por incrível que pareça eu sou muito quieto, muito tímido. Eu cheguei no curso, fiquei na minha, sentado na minha quietinho. O pessoal chegava, me cumprimentava, eu cumprimentava, mas ficava ali na minha sempre. Passaram mais ou menos umas duas, três semanas que eu fui me ajuntar mais com o grupo, conversar. Eu sempre ia anotando as receitas que o professor passava, por incrível que pareça. Eu achei que uma coisa que eu não ia querer fazer é aprender a cozinhar, que foi o que eu quis. A gente foi aprendendo, tudo, eu fui me ajuntando mais com o grupo. Esse curso nunca faltava nada, equipamento, ingrediente, sempre tinha touca, porque sempre um ou outro ou rasgava, ou esquecia.

Sempre tinha equipamento, sempre, nunca faltou. Lá a gente sempre faz um pouquinho a mais. Digamos, tem 15 alunos, faz uma quantidade pra 20, 25, por quê? Sempre quando acabava, levava pra alguns funcionários lá do projeto pra eles degustarem, pra falar se gostou, se não gostou, a gente explica como é que foi feito, os ingredientes que foram usados. É uma coisa que foi muito boa pra mim. Eu gostei demais desse curso, tanto é que em 2010 eu fiz outros tipos de curso, que foi um ano que foram três tipos de curso em um ano só que foi Moda, Moda e Design, Comunicação Geral e Gastronomia que teve de novo, que era obrigatório todos os jovens fazerem, que era aproximadamente 120 jovens mais ou menos por período, de manhã e de tarde. Então essa quantidade era dividida em três grupos, três, quatro grupos. Nesse ano foi Comunicação, Gastronomia e Moda e Design. Todos os jovens tiveram que passar por cada um desses.

O que eu escolhi depois, que foi em 2011 que eu fiz, ele se dividiu em três grupos que foi o Comunicação, que é Audiovisual, Jornalismo e Computação Gráfica. Eu escolhi o Audiovisual, que foi seis meses, se eu não me engano, de curso. Tem uma rádio interna no Arrastão, os que se destacaram foram pra esse, que é a Maré Alta, que cobria eventos lá do projeto, se precisasse fazer alguma entrevista ia. Lá no projeto tem o Rede Praça que, se eu não me engano, na minha época era a última quarta do mês ia pra pracinha do Campo Limpo, ia o pessoal do Arrasta-Lata tocando, dava uma volta em torno da praça. Às vezes os jovens iam lá, entrevistava um, entrevista outro, voltava, editava, tem a ilha de edição, tudo. Nesse ano em 2010 que a gente fez gastronomia eu vivia enchendo o saco da professora pra gente fazer pizza, que foi um dia que foi muito produtivo esse dia em 2009. Lógico, a gente aprendeu a fazer alfajor, salgado, macarrão em panela de pressão, mas o que me chamou mais a atenção foi a pizza, que eu gosto de pizza, tanto é que o pessoal vivia brincando falando que eu ia abrir uma pizzaria de tão fã que eu sou de pizza.

Lá no Embu eu estudava de manhã. Eu mudei pro Taboão, comecei a estudar de noite que era quando tinha vaga e nunca trabalhei. Sempre fazia curso no Arrastão. 2010 que foi quando eu terminei o estudo eu mudei pra São Paulo, na escola que eu estudei foi de noite também, mas sempre fazendo curso no Arrastão.

Nessa época eu já tava no Maré Alta, que é meio que um estágio. O pessoal fala que é um estágio, mas é um núcleo que foi montado por jovens. Esse curso de audiovisual não é bem o que eu pensava. Eu pensava que era uma coisa e era outra. Eu achei que ia abordar um pouquinho de cada coisa também, mas não, acabou abordando só em relação a câmera, a zoom, foco, essas coisas e não era câmera fotográfica, era câmera de vídeo, filmadora. Tanto é que a gente aprendeu a tirar a mini HD, a gente assistia filme, desmontava o filme, achava o ruído, tudo. O pico quando acontece alguma coisa tipo alguém morre, que dá aquela subida no filme, que tem aquele ritmo que o filme dá pra até descobrir quem é. A gente aprendeu tudo isso nesse curso. E no Maré a gente cobria mais esses eventos do Arrastão baseado nessas desmontagens do filme.

Chegamos a fazer um vídeo, um filminho lá no projeto, mas, lógico, pensando nesse acontecido que levanta o filme que de repente ele cai pra seguir aquela linha. Foi cerca de seis meses. Tinha a Franciele que ela dava aula pro pessoal de Jornalismo, ela é formada em Jornalismo, ela deu aula pro Jornalismo e o coordenador a colocou como responsável do Maré Alta. Pegou um, dois, três de cada turma, selecionou os que se destacaram foram chamados pra fazer esse suposto estágio, pra ficar no Maré Alta cobrindo os eventos. Ali é um núcleo de jovens que eles saem da formação como se fosse um trabalho dentro do projeto. Lógico, não bate ponto, tem nada disso, mas são duas turmas, uma de manhã, uma de tarde, uma cobre eventos de manhã. Vamos supor, tem uma dinâmica com as crianças, entre os jovens e as crianças, vem o coordenador da juventude e do infantil, vem, conversa pra gente filmar ou tirar foto pra registrar. Porque todo final de mês eles têm que fazer o relatório da aula.

Ou chamavam a gente pra filmar a integração entre os alunos tanto pra tirar foto pros relatórios também. Em agosto de 2012 eu saí pra fazer curso no Instituto Criar de TV, cinema e novas mídias, que é do Luciano Huck, uma organização não governamental. Eu fui lá, fiz um curso de iluminação, lá é tudo voltado no audiovisual, mas cada um tem a sua divisão específica, cenografia, produção, edição, câmera. Eu escolhi iluminação pelo fato que eu ia aprender um pouco da minha profissão que é fotografia, fotógrafo. Então pra eu ser fotógrafo eu tenho que aprender luz, saber os contrastes, tudo. Foi o que eu escolhi pra eu fazer, agora estou retornando pro Projeto Arrastão pra ficar responsável por edição, pelos eventos do Arrastão, cobrir eventos. Porque lá no Maré Alta eu sempre deixei tudo muito organizado, tanto é que eu montei umas prateleiras lá pra colocar uns filmes que tem lá que a gente recebe doação, pra deixar tudo arrumadinho já no jeito pra vir o educador: “Eu preciso de um filme pra passar pras crianças.” “Está aqui”.

Então sempre deixei muito organizado. Agora eu estou voltando pra deixar tudo muito organizado, pra cobrir, editar e fazer uma ajuda pro Henrique que ele trabalha com jovens também, com o pessoal de curso, de empreendedorismo e também fazer um auxílio pro coordenador da juventude que é o Chico. Estou sendo contratado como jovem aprendiz. Então eu vou estar entre o Chico e o Henrique, ajudando os dois, e tomando conta do Maré Alta. Lógico, tem uma pessoa lá que faz os relatórios que é a responsável, eu estou voltando pra ajudar a organizar, digamos, colocar ordem. Na época, a gente recebia uma bolsa de custo de 80 reais que era uma doação acho que era do governo que doava. Eu trabalho como fotografo há uns dois anos. Meu primeiro emprego foi numa encadernadora, eu era como ajudante geral.

Assim que eu entrei no Arrastão que conheci o Criança Esperança. Eu sempre via que tinha um mural dos patrocinadores lá na sala de gastronomia. Eu nunca cheguei a parar pra reparar, depois que eu parei pra reparar que eu vi que tinha lá Criança Esperança. Nessa época nunca faltou, como eu falei anteriormente, nunca faltou nada. Agora, depois que a Criança Esperança parou de patrocinar o curso de gastronomia, era tudo sempre contadinho. Fazia três, quatro a mais pra diretora do Arrastão, pro pessoal do RH, sempre contadinho. Mas quando era Criança Esperança nunca faltava nada, sempre dava e sobrava o material pra próxima receita e utilizava sempre o mesmo ingrediente que sobrava.

O Arrastão meio que me encaminhou pro meu trabalho, pro que eu faço hoje. Lógico que eu, quero fazer uma faculdade de Educação Física, mas sempre querendo ser fotógrafo, meio que educação física vai ser meio que um hobby. O Arrastão meio que me deu um pontapé inicial pra eu decidir porque eu estava meio confuso.

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